"Sou da Paraíba e há tempos tenho vontade de lhe escrever. É bem delicado pra mim, mas resolvi criar coragem e compartilhar um pouco da minha vida aqui. Quando pequeno tive um problema que precisei retirar o testículo esquerdo. Isso não afetaria muito minha vida sexual, pois com apenas um testículo eu poderia produzir testosterona, mesmo que em um nível um pouco abaixo do normal. Esteticamente não me incomodava, pois me acostumei ser daquele jeito. Veio a puberdade e as famosas punhetas, e como era de se esperar, eu era um baita de um punheteiro. Até que aos 16 anos um outro problema, na verdade a repetição do antigo problema, um tumor me fez perder o outro testículo. Eu era um jovem ainda virgem, e me deparei com a notícia que teria minha libido muito diminuída, bem como as ereções seriam raras. Meu mundo caiu ali, eu que batia punheta os dias talvez não ficasse mais de pau duro, e nem experimentaria sexo com alguém. Foi doloroso, fiz tratamento psicológico, entrei em depressão, foi horrível, até que depois de alguns meses senti uma pequena ereção. Meu pau estava duro, mesmo sem eu estar com algum desejo. Aproveitei para masturbá-lo e, para minha surpresa, consegui gozar (só depois de alguns tempo o urologista me explicou que o esperma era produzido na próstata). Aquilo foi um baita alívio, pois percebi que eu não precisava ter desejo sexual para fazer o que eu gostava, bater minha punheta. E voltei a me punhetar, as vezes era bem demorado, pois ficava bastante tempo para o pau ficar duro, mas eu não ligava, considerava uma vitória poder bater uma. Mas não me sentia completo, precisava fazer sexo, perder a virgindade. Pensei em fazer sexo com um homem, dando pra ele, mas não era o que eu queria, na verdade sempre gostei de mulher. Então, aos 21 anos, comecei um tratamento com o urologista para, mesmo que não tivesse um aumento da libido, eu conseguisse manter uma ereção para ter uma relação. Foram mais 1 ano e meio para que eu conseguisse uma parceira e fizesse sexo com ela. Bom, o tratamento adiantou, consegui manter a ereção, mas não consegui gozar. Mas tudo bem, uma coisa de cada vez, eu ia me preparar melhor para a próxima vez. E a próxima vez nunca aconteceu, e não aconteceu porque o que eu tinha na verdade era curiosidade, mas a punheta pra mim sempre foi suficiente. Decidi continuar com tratamentos hormonais não para ter uma vida sexual ativa, mas sim para não ter problemas de ereção e continuar me masturbando todos os dias. Desde então passaram 13 anos, e continuo me masturbando todos os dias. Meus amigos não sabem que sou 'nulo', mas sabem que me masturbo muito, tanto que me chamam de Zé Punheta, e faço questão de dizer a eles que me masturbo mesmo, e que eles deveriam experimentar se masturbar da forma que faço também (não falei aqui mas, como demorava pra ficar de pau duro, me acostumei a ficar horas punhetando). No medo de me tornar assexuado, me descobri um solossexual, e com isso aceitei minha condição de nulo, um nulo masturbador (nulo é como os eunucos eram chamados). Ainda não tenho coragem de contar isso pra ninguém cara a cara, qualquer pessoa que me vê, exceto meus pais, o urologista com quem faço tratamento e a mulher que eu comi, enxergam que sou um homem como outro qualquer. Nunca nem falei sobre isso, é a primeira vez que falo sobre o assunto, pois entendi que os masturbadores na verdade são irmãos, e com certeza eu não seria julgado, pelo contrário, encontraria acolhimento."
Relato enviado por Zé Punheta, o masturbador nulo - Campina Grande, Paraíba
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